Desde que comecei a acompanhar a temporada de premiações de cinema deste ano, fiquei curioso para assistir a todos os filmes estrangeiros indicados ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. Confesso que já assisti a várias produções excepcionais, mas uma delas me marcou profundamente pela sua originalidade, sensibilidade e pela maneira como trata temas universais de forma tão singular.

Estou falando do filme Uma Mulher Fantástica do diretor chileno Sebastián Lelio. A trama gira em torno de Marina, uma garçonete e cantora transexual que luta para encontrar seu lugar no mundo depois que seu parceiro, mais velho, morre devido a uma aneurisma cerebral. A partir daí, Marina é forçada a enfrentar a intolerância, o preconceito e a violência da sociedade, sempre com muita coragem e resistência.

O que mais me impressionou neste filme foi a forma poética e sutil como Lelio guia o espectador pelos dramas particulares de Marina e pela sua luta diária contra o preconceito da sociedade. O diretor consegue criar uma atmosfera de delicadeza e empatia que faz com que o público se sinta próximo à personagem, mesmo sem compartilhar da sua condição. A atuação da atriz Daniela Vega também é fantástica e merece todo o reconhecimento.

Além disso, Uma Mulher Fantástica se destaca pela sua habilidade de discutir questões atuais e urgentes, como a luta por igualdade de direitos, a valorização da diversidade e a resistência contra a opressão. O filme se torna assim não apenas uma história sobre uma mulher trans, mas um manifesto sobre a importância da liberdade e da tolerância em uma sociedade que, muitas vezes, ignora ou marginaliza o diferente.

Acredito que o filme Uma Mulher Fantástica mereça todos os prêmios e reconhecimentos possíveis, não apenas por sua qualidade técnica e artística, mas também pelo seu valor político e social. Espero que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas reconheça o seu valor e o premie como o melhor filme estrangeiro deste ano. E, acima de tudo, espero que este filme abra portas e mentes para que outras histórias tão diferentes e interessantes possam chegar ao grande público e contribuir para a diversidade e riqueza do cinema mundial.